É VIÁVEL ALCANÇAR A FELICIDADE SENDO SOLTEIRO?
- AprimorA Consultoria e Atendimentos em Psicologia
- 16 de dez. de 2024
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A estudiosa Bella DePaulo relata que, em sua juventude, por volta dos vinte anos, sentiu-se realizada vivendo sem um relacionamento amoroso. Contudo, admite que acreditava que tal sensação seria transitória, especialmente diante das expectativas impostas pelas pessoas ao seu redor.

Atualmente, com 71 anos de idade, DePaulo garante que esse sentimento de satisfação permanece inalterado. Contrariando o que muitos em sua convivência pensavam, ela viu que estar solteira proporcionou uma vida plena e completa.
DePaulo, psicóloga social associada à Universidade Harvard, nos Estados Unidos, é também autora da obra Singles by Nature ("Solteiros por natureza", em tradução livre). Por muitos anos, ela concentrou seus estudos acadêmicos em analisar as experiências e os níveis de contentamento de pessoas descomprometidas, além de investigar como a percepção social sobre esse estado civil vem evoluindo.
Segundo a pesquisadora, existem inúmeras concepções no imaginário coletivo sobre a vivência de indivíduos solteiros. De acordo com suas análises, diversas dessas ideias estão profundamente desconectadas das evidências observadas em sua trajetória como acadêmica. De fato, relacionamentos conjugais recebem ampla visibilidade, privilégios sociais, admiração e até destaque em produções culturais, como séries e filmes.
Contudo, essa realidade vem sendo gradualmente transformada, à medida que mais indivíduos em diferentes partes do mundo optam por permanecer solteiros. Conforme esse número aumenta, torna-se possível reformular a narrativa sobre o significado de ser solteiro, promovendo maior facilidade e bem-estar coletivo.
Ainda assim, para alguns, pode ser solicitado que você sinta orgulho dessa condição, especialmente ao se comparar com pesquisas que sugerem que pessoas casadas relatam maior felicidade na terceira idade.
O problema é que esses estudos estão desatualizados, investigações mais recentes, que acompanharam indivíduos descomprometidos ao longo de suas vidas, indicam que a satisfação pessoal tende a aumentar conforme avançam da meia-idade para os anos seguintes — a partir dos 40 anos aproximadamente.
Essas pesquisas também revelaram que, ao se casar, as pessoas frequentemente evitam o contato com amigos, diminuem a convivência com familiares e criam uma espécie de isolamento social. Em contrapartida, os solteiros mantêm conexões estreitas com amigos, familiares e outros laços importantes, o que contribui para um bem-estar mais elevado ao longo do tempo.Além disso, pessoas solteiras desenvolvem habilidades para viver de forma independente, como organizar suas residências próprias, valorizar seus vínculos e desfrutar da liberdade de serem autênticos.
Aqueles que se identificam como "solteiros convictos" apreciam sua autonomia e utilizam o tempo apenas para introspecção, relaxamento, expressão criativa ou crescimento espiritual. Sua relação positiva com a solidão frequentemente os protege de sentimentos de solidão. Isso contrasta com o estereótipo de que pessoas solteiras são, por definição, solitárias.
Naturalmente, alguns solteiros podem experimentar solidão, assim como ocorrem com indivíduos casados. Entretanto, muitos descompromissados regularizaram o valor do tempo a sós como algo construtivo.
Os termos "solidão" e "solitude" ajudam a ilustrar essa distinção. Enquanto "solidão" descreve a sensação de isolamento não desejada e o desconforto com essa ausência de interação, "solitude" refere-se à escolha de momentos de reclusão, que podem ser enriquecedores.
Essa diferenciação permite compreender por que é possível que existam solteiros felizes e casados que, por sua vez, se sintam solitários. Além disso, algumas pessoas em relacionamentos afetivos ainda se identificam como “solteiras convictas”. Essas pessoas, muitas vezes, escolhem arranjos menos convencionais, como viver em casas separadas ou preservar espaços individuais dentro do mesmo ambiente doméstico. Eles costumam manter maior autonomia financeira e equilibrar o tempo entre o relacionamento e atividades independentes, o que lhes permite usufruir dos benefícios da parceria amorosa sem abrir a mão da identidade de solteiro.
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